16.11.06

Se Os Tubarões Fossem Homens

Esta peça de teatro é uma maravilha.
Supostamente para a infância, com tiques mal amanhados de musical, sustenta a sua magia num texto deliciosamente ambíguo, a roçar a bizarria criativa. Pleno na sua metáfora agridoce, o Senhor K. prende-nos à cena à medida que vai revelando aos peixinhos (nós todos, claro está) o modo como as coisas funcionariam no mundo dos tubarões se, por uma casualidade remota, estes fossem homens. A teoria que suporta o seu inflamado discurso é a de que, se estes monstros afinal fossem homens, estariam naturalmente prontos para idealizar formas de tornar a vida das suas presas mais agradável, não descurando qualquer pormenor na procura de lhes assegurar um quotidiano aprazível, uma vida mais ou menos farta e uma morte nada menos do que… gorda (claro está…).
Jorge Feliciano assina esta obra, imaginada a partir de um texto de Bertolt Brecht, com a preciosa ajuda de João Feliciano na composição musical e de Andreia Egas (a menina tubaroa), todos ao serviço do novíssimo colectivo, o Teatro Fórum de Moura.
Depois de terem apresentado esta peça no decorrer da última edição do Sementes – Festival Internacional de Teatro para a Infância (organizado pelo Teatro Extremo), o colectivo volta à Margem Sul para mais uma série de apresentações no decorrer do mês de Dezembro: Fernão Ferro (3 de Dezembro), Casa Amarela – Centro Cultural Juvenil de Sto. Amaro, no Laranjeiro (7 de Dezembro às 21h30) e a Sala do Teatro Extremo, em Almada (8, 9 de Dezembro às 21h30 e 10 de Dezembro às 16h e às 21h30) são os locais onde será possível assistir a este espectáculo.
Definitivamente a não perder!
Sinopse: No fundo do mar, pergunta a Menina Tubaroa ao Senhor K., um tubarão muito sábio: “Senhor K., se os tubarões fossem homens seriam eles mais simpáticos para os peixinhos?”. E assim começa a conversa dos dois tubarões acerca da humanidade e das suas guerras, a arte, a televisão, a saúde e muitos outros assuntos relativos aos homens, pontuada por seis canções, numa representação que não deixa nunca de ser cómica e provocadora de estranheza.Um espectáculo de linguagem simples e concreta que inicia as crianças ao pensamento sobre a condição humana, lembrando aos adultos como funciona a engrenagem da nossa civilização.
Ficha Artística e Técnica: Texto a partir de Bertolt Brecht. Encenação e cenário: Jorge Feliciano, Actores: Andreia Egas e Jorge Feliciano, Música: Composição de João Feliciano, Letras de Jorge Feliciano, Som e Luz: Jorge Sales, Produção: Andreia Egas e Jorge Feliciano, Material Gráfico: Luís Pedro.

2 comentários:

Debaixo do Bulcão disse...

A escrever dessa maneira tão escorreita devias ser jornalista. Queres trocar comigo? Eu passo a ser funcionário da CMA (era só uma piada...).

Vitorino

Debaixo do Bulcão disse...

Está bonito sim senhor, a melhor parte é o "a roçar a bizarria criativa".

No Teatro Extremo os espectáculos vão ser dias 8, 9 e 10 de dezembro às 21h30 (dia 10 também às 16h)

Dia 8 depois dos espectáculo há recital comemorativo duma década de Debaixo do Bulcão.

Jorge

P.S. A tua prima é bonita.