8.11.06

Elogio da Vida Urbana

Existem alturas,
Em que explorando as ruas ao acaso,
Encontro os abraços da euforia, os
Sorrisos francos da harmonia e
O contar dos passos e traços com que
Desenhamos no espaço da avenida
Os esboços de uma ferida.

Existem certos momentos,
Nos limites pesados do tempo,
Em que quase distingo
Os gritos alegres da fantasia,
O clamor da noite fria e
O recomeço das histórias antigas
Dos amores e das cantigas.

Existem dias imensos,
Radiantes e intensos,
Em que o material cinzento da cidade
Se dilui em leve pranto, em
Brava ironia de ser humano e
Em fugas de tanto querer,
De tanto esquecer.

Existem espaços sempre iguais,
Imóveis e fixos na memória,
Em que o forte aroma e suor
Flutua firme no ar, nas formas
Distantes de ver e
Na permanência do lugar,
Na luz e reflexo do olhar.

Já passaram tantos medos
E tantos mais se fixam no
Frio das paredes,
Nos nós dos cruzamentos,
Lembranças soltas e presas
No cimento e nos pavimentos
E no passar dos momentos.

Enfrentar a corrente sedenta da cidade,
Crescer sempre em pensamento,
Nunca em idade, fazer da dúvida a verdade
Mesmo não se vendo no céu uma estrela,
Fazer do desejo uma flor e
Do amor uma vontade.

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