25.11.06

Eterna Prece

Divulgo um eterno pedido
Pelas avenidas que atravessam
O tão vasto caminho universal
Para que no limiar dos confins,
Se alguma claridade restar,
Se faça ouvir o lamento
Da raça humana
Na deriva da existência.

Cessem todas as construções,
Abortem o progresso do cimento
E registem em pensamento
Os gritos infinitos
De quem algures no tempo se esqueceu
Da virtuosa palavra.

Permitam a humildade bater
Na rocha bruta da vaidade
Procurando a verdade no ar
E nos efémeros elementos.
Não tentem ocultar a vossa dúvida,
Fazendo do saber, uma pergunta.

Porque a beleza do movimento,
Circular como um celeste útero,
É a sua lógica de desafio
Às teias do equívoco e da razão.

Respirem esta breve e terna prece,
Retendo em vós uma pergunta
Sobre a inclinação da chuva,
Sobre a sombra que a tarde faz
Nos altares da memória.

Não transformem em poeira
Este exemplo puro de perfeição
Aqui mesmo à entrada
Da Estrada de Santiago.

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