Fazemos tangentes caminhos,
Rectas e decisões de destino,
As memórias levam-nos tão longe e
As alegrias voam lá atrás
Como se fossem feitas do vento.
Talvez por doce brilhar,
Ou pela dureza da pele,
Encontramos sempre os olhos
Que procurávamos devagar
No apreciar das manhãs.
Numa tábua rasa acordámos
O iniciar de todos os medos,
Por entre fumos e fogo
Que insistimos em
Manter vivo.
Nessas chamas que perduram
Por palavras que dissemos,
E em segredos que trocámos,
Suspiros que prendemos,
Voam as juras que chorámos.
Dentro de nós
Existe um Só Sentido
De um caminho que nos persegue,
Um desengano indecifrável
Escrito na pele de amor que fizemos.
Mas no longe do frio que sentes,
Arde ainda uma falua,
Que, roendo em teu peito o furor,
Te arrasta e submete ao calor
E brutalmente te faz recuar.
Prolongas o teu suspiro
Para lá do que podes sentir,
E observas nesse novo pesar,
As marcas indeléveis da ideia,
A tinta ainda por secar.
Noutro pensar
Já teu corpo necessita
De quem em forma de mel
Te alimente de Sol, de Lua e de Água,
E de todos os elementos da natural fonte.
Ainda antes do novo rumo,
Pesaremos todos os favores e tempestades,
Recusaremos as idades, e as herdades,
Sucumbiremos apenas diante do cruel,
Ou perante uma chuva de mel.
Miguel Nuno99