23.3.07

A Peste

fazes da tua máquina o ponteiro
mas eu cá não sou idiota
sei bem ver que aqui não há gaivota
nem estrela morta no passeio

há cinzentos pincéis caiando as cores de feio
há vendilhões e construções mas não de sonhos ou canções
há bárbaros - os civilizados do progresso os donos do recreio
comprando vendendo dando de comer aos burlões

lugarejo febril de fabris sóis duros
sítio de facas de luz alguidares de plástico
esmerados néons, capital gástrico

janelem-me de cimento, encham-me de elástico
ah, quão bom é ter paz com os olhos em muros
num negro sonhar caos e cânticos futuros

Gabriel2002

10.3.07

Sobre a Pedra

Já uma leve lágrima
Lava os rasgos
Da fome, isola as frases
Na pele e uma rubra
Ferida explica os raios
Do luar, a travessia das
Estrelas.
Sobre a pedra adormecem os
Sonhos vagos em que
Esqueceste de olhar
O lado de lá, onde
Escondes solidões.

Gabriel 98